domingo, 16 de junho de 2013

EOX 240 - Versão 2013 - Modo 10 passos para o sucesso

 
 
 
A pergunta que me fizeram hoje durante o dia, foi:
"Como é que se pode fazer 240 kms no meio do mato, entre as 6 da manhã e a meia noite do mesmo dia?"

E a resposta é muito simples:
1º Defines um objectivo - Tipo "acabar o EOX 240" - e perguntas em casa se te deixam ir

2º Defines um plano para atingir o objectivo - Podes passar pelo Movefree Bike Performance Center e falas com Helder Miranda

Começas a cumprir o plano à risca - Se não conseguires cumprir o plano tens de aumentar os teus níveis de perseverança.

4º Não deixas que nada afecte o teu desenvolvimento psicológico - Nem quando o teu "treinador" te diz que gosta de treinar contigo porque nunca chega ao fim com dores nas pernas

5º Quando falta um mês para arrancares e percebes que não cumpriste o esquema e que o teu treino mais longo foi de 45 minutos a correr no tapete ou mudas o objectivo ou te preparas para pedalar muitas horas.

6º Preparas ao limite a SCOTT SCALE 900RC - nem que o histórico te diga que nas ultimas 4 saídas com a máquina furaste 4 vezes. - E claro que pões o Jojo e o Rui Frutas a fazer horas extra

7º Lavas os equipamentos da Cofides Competição - quem te vai salvar vai ser o Jersey X10 e o Calção Evolution com Carneira de Carbono

8º Preparas um esquema de nutrição de topo, com grande foco no aporte de Hidratos de Carbono e Proteína - Sabendo que depois comes tudo o que te aparecer à frente

9º Juntas um grupo de amigos - Ricardo R. Pereira; Jorge Meneses e a Incansável Vera - Almoças na Pizzaria Dose e arrancas para Pias para jantar no restaurante o Adro

10º No dia seguinte vais para Vila Verde de Ficalho e arrancas às 6 da manhã -E nem que o Meneses fure ao 1º Km, nem que o Meneses parta a corrente aos 190 kms, nem que tenhas um desconforto nas pernas ao subir - Mantens-te fiel a ti mesmo e ao teu objectivo e só paras quando vires o mar no Carvalhal.

E no final escreves um texto com 10 pontos, que terão o que tu quiseres e deixas o ultimo ponto para agradecer a todos os que foram contigo, os que estiveram lá fisicamente e os que estiveram na tua cabeça durante grande parte do dia.

Ultimo ponto - Obrigado Jão Clara (também foste), Obrigado a quem afinou a Bike, a quem me colocou nas mãos pratos, roldanas e tampas de direção SNV ( Cajó Neves ), obrigado MOVEFREE (I MOVEFREE).

P.S. Podes saltar todos os pontos menos dois. O Primeiro e o nono.

Um abraço e pedalem muito

Nuno Machado
Epic Writer

domingo, 24 de junho de 2012

Santiago 2012 - Santiago de Compostela

Chegámos a Santiago de Compostela.


É verdade a nossa jornada dos últimos 10 dias chegou ao final. atingimos o nosso objectivo, Já vimos a Catedral de Santiago de Compostela.

Esta é a imagem final do percurso que percorremos até aqui.

Mas de facto o caminho não acaba aqui, agora temos de levar o que aprendemos nestes 10 dias e seguir a caminhar para que o que levamos daqui nunca mais nos saia da cabeça.

Mas o dia final tem um sabor único. Queremos chegar ao fim, mas ao mesmo tempo queremos que o fim não chegue. Queremos que a sensação que temos não termine e que amanhã tudo siga igual. Ou melhor.

Os kms vão passando e quanto mais próximos estamos mais aproveitamos o tempo para pensar.

E de repente estamos juntos a este magnifico monumento,
Quando chegamos a este ponto, não podemos esconder, a emoção é grande. Já só faltam 12 kms para o destino. Tenho a impressão que de certeza que vou chegar.
Nesta fase se acontece algo à bicicleta, já não me importa. Deixo-a ali. Descalço os sapatos e saio a correr para o destino.

Fico só com o Renato e fazemos as fotos que nos apetece. O sorriso que temos na cara, não deixa esconder a emoção que estamos a sentir. E tirámos o máximo prazer deste momento.

Seguimos e parece que nunca mais chegámos, quem já passou aqui sabe que estes 12 kms nunca mais passam.

Cruzamos mais peregrinos a pé. Força Viva - Energia

Subimos o ultimo pedaço de subida - O MONTE DE GOZO - Depois de quase 800kms vemos Santiago pela primeira vez. É verdade já está lá em baixo.


Mais fotos. Temos tempo. Afinal só faltam 2 km para ficarmos de boca aberta.

Descemos. Após descer a escadaria eis que na nossa frente está o queríamos. OBRIGADO.

Aqui não no posso conter-me, e o que se sente em tudo o caminho, a vontade de fazer todo o grupo chegar já não me incomoda. Já cá estamos todos. O Pedro deu uma prova de esforço e viu a Catedral. Acho que só eu acreditei que fazíamos o caminho junto.

Tudo o resto é pessoal e intransmissível.

Só me resta agradecer a todos os que diariamente pensaram em mim. E que por uma via, que não conhecemos, me passaram força para que pudesse concluir este objectivo. Todos sabem quem são e felizmente vou ter o prazer de vos agradecer pessoalmente. Mas para já OBRIGADO a todos.

Quanto ao caminho, só espero que eu possa continuar dentro dele.

Amanhã volto à Catedral. Vou esperar o Matt.

Nuno Machado

P.S.Se já passaste nestes trilhos e não pensaste, não ouviste histórias, não sentiste a energia e não te emocionaste.
A verdade é que já foste a Santiago, mas nunca fizeste o Caminho.

Nuno Machado
TEAM MOVEFREE

Eu pedalo...
...para nunca sair do caminho

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Santiago 2012 - Até Palas del Rey


Até aqui já cheguei!

Parece que ainda ontem arrancamos e já nos faltam cerca de 70 kms para chegarmos ao destino. Mas disso falamos amanhã. Agora conto-vos algumas das aventuras dos últimos dias. E que não são poucas.

A saída de León é de longe o pedaço mais feio de todo o caminho, para juntar a isto o Pedro e o Renato conseguiram perder-se de mim. Numa zona em que o caminho pode seguir duas direcções, em direcção a Hospital de Orbigo, eu segui para a Direita e o Pedro seguiu com o Italiano para a esquerda. Comecei a ligar-lhes para saber onde estavam mas o vento contra não deixou o Pedro ouvir o telefone. E claro nestas situações o que acontece é sempre o mesmo.

Os que vão na frente pensam que vão atrás e o que fazem é andar rápido para tentar chegar ao que está na frente. Como se apercebem que não chegam o que fazem é andar mais rápido. E de trás lá vem sozinho em regime de contra-relógio a tentar apanhar os da frente, que rodam em grupo.

Mas lá nos encontramos outra vez e voltamos a seguir juntos. Até ao almoço em Astorga e de novo a caminho.

                                                               Catedral Astorga

Depois foi o descalabro, era o dia da subida até ao local da Cruz de Ferro e começou a chover na zona de Ganso a 50 kms do fim. Decidimos fazer a descida da Cruz de Ferro pela estrada, para evitar os trilhos perigosos do caminho pedestre. Mas até aqui tivemos azar a estrada que antes era boa, agora está cheia de gravilha e está mais perigosa que o trilho até Acebo. E ainda tínhamos de chegar a Ponferrada.
Mas a queda de temperatura obrigou-nos a parar em Acebo para aquecer com um bom leite quente e uma grande fatia de bolo de chocolate. Em boa hora o fizemos.

Nesse momento entrou também, no bar, uma Holandesa com uma espécie de caixa de musica e sentada de olhos fechados cantou uma espécie de musica gregoriana que valia a pena ficar a ouvir por muito mais tempo. Mas não podiamos ainda faltava chegar a Molina Seca e depois a Ponferrada. Mas conseguimos chegar ainda com Luz do dia.

O dia de ontem voltou a ser diferente. Era dia de subir ao CEBREIRO
                                                                      O Cebreiro


Uma aldeia Galega com um aspecto Celta mas que nos obriga a subir muito para lá chegar. Como o grupo aumentou e o Pedro e Renato vinham cansados decidimos fazer uma coisa perfeitamente normal.
Parte do grupo seguiu pelo trilho dos peregrinos a pé e os mais cansados decidiram que se seguissem pela estrada poupavam forças.
Nada mais errado, já vos digo porquê.

Relativamente à subida pelo trilho, a chuva do dia anterior tinha deixado mossa nos trilhos e até Fava tivemos de fazer tudo a pé e a empurrar a bicicleta. Mas isto não tira espectacularidade ao trilho que é do melhor que o caminho tem. A meio da subida entramos na Galiza de onde já não vamos sair.

Quanto ao grupo da estrada, só demorou mais 3 horas a fazer do que o grupo do trilho. Perderam-se.

Assim que chegaram comeram algo e seguimos directos para o caminho de novo. Faltavam 40 kms até Sarria. E que 40 kms. Logo no inicio existe uma saída de estrada à direita e 10 mts depois uma saída pela esquerda pelo trilho. O Renato com o cansaço não viu a seta amarela.
E quando atendeu o telefone já tinha descido cerca de 3 kms.

O Grupo seguiu e eu esperei pelo Renato. Esperei cerca de 30 minutos. Pois lá tivemos de fazer mais um contra-relógio de cerca de 35 kms para não chegar a Sarria. Acho que nunca desci tão rápido para Triacastela. Passagem a  voar por Samos e mais um voo até Sarria para o merecido descanso.

Mas até ver temos conseguido chegar sempre aos hotéis, e juntos.

Hoje dia curto e de descompressão, mas já se nota que estamos na Galiza. Os trilhos voltaram a ser espectaculares, com muita sombra e muito verde.

Almoço em Portomarin  e mais umas fotos.
                                                      Igrexa de San Xoán e San Nicolás

Dormimos em Palas del Rey

Amanhã há mais...mas depois não.

Um abraço e bom caminho

Nuno Machado
Team Movefree

Eu pedalo...
...porque quero chegar ao destino

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Santiago 2012 - Cruz de Ferro

OBRIGADO


Não me interessa de onde saí, menos importa o local onde cheguei.
Passei por muitos locais, não quero saber que trilhos percorri
Hoje o caminho levou-me onde queria ir, para fazer o que tinha de fazer.
Hoje cheguei à CRUZ DE FERRO.

Obrigado a todos os que hoje estiveram a pedalar comigo, nem que fosse na minha cabeça e no meu coração.

Um abraço e bom caminho

Nuno Machado
TEAM MOVEFREE
Eu pedalo...
...para chegar até ti


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Caminho 2012 - Burgos - Carrion de los Condes

CITY FOLKS

Esta é das que tem história.

Não me recordo mesmo de ter um pneu tão mau, e que mesmo assim aguentasse tanto.

De manhã ainda em Burgos, os 4 furos que tinha não aparentavam estar a perder ar, pelo que decidimos não esperar pela abertura das lojas de bicicletas (que abrem às 10h30m) e pouco depois das 8 horas arrancávamos para o Centro da cidade para apanhar o Matt Mcdermott - Pastor Anglicano na Califórnia, que nos acompanhou nos dois primeiros dias.  O Principio do dia é rápido mas é um dia que se pode tornar muito penoso pelos Kms - 90 - e pelo calor numa zona onde as sombras não existem e tudo se passa entre os 750 e os 900 mts de altitude.

Pelo caminho e sem explicação o meu pneu começou a criar novas bolhas, que foram rebentando e foram sendo "selados" pelo liquido anti-furo. No final do dia tinha 9 furos deste tipo. Decidi mudar o pneu.

Durante o dia e a meio da etapa ganhamos um novo membro no grupo - Renato "the Italian"-  imaginem como foi hoje o jantar com um português, um espanhol, um italiano e um americano a verem o Europeu de futebol. Espanha e Itália a jogarem o apuramento.

Mais uns kms visitas, a Conventos em ruínas e  mais uma Igreja em Castro Jeriz e lá chega a subida que deve ser das mais espectaculares no caminho. Muito sol e muito calor e várias rampas com mais de 10% e zonas de 20%. Mais uma paragem e toca a por mais ar no pneu. Seguir até "Boadilla del Camino" e vemos uma placa a dizer - Albergue/Restaurante.

Lá entramos para comer algo e demos com um local que respirava "boa onda", e ali ficámos cerca de uma hora conversar. Entre os 4 e mais os outros todos que lá estavam e que chegaram depois, o "camino" é mesmo assim gente de todo o mundo. Entre americanos, belgas, coreanos, japoneses a verdade é que ninguém fala a mesma língua mas todos nos entendemos. Onde tentamos explicar a um Italiano e ao mundo porque é que em Portugal e em Málaga existem mais tipos de café  que no resto do mundo, incluindo Itália.

Depois seguimos até "Carrion de los Condes" onde me disseram que existia uma loja de bicicletas.
Segui directo para a loja para tentar encontrar um pneu 29' e dei de caras com uma loja de pneus, daquelas "à antiga". Dois empregados à porta a dar marteladas num pneu de tractor a tentar sacar a jante.
Entrei e com pouca esperança perguntei se tinham pneus de BTT roda 29. A resposta foi "venha comigo ver ali no armazém". Lá fomos e vem um pergunta. "Este serve? É o unico pneu de BTT que tenho". E meus amigos juro-vos que até os meus olhos brilharam como uma criança no ToysRus. Tenho um pneu novo.

Amanhã seguimos até León. Com pneu novo.

Um abraço e pedalem muito
Nuno Machado
TEAM MOVEFREE
Eu pedalo...
...até Carrion de los Condes

domingo, 17 de junho de 2012

Caminho 2012 -Sto Domingo de la Calzada - Burgos

E já cá estamos, já levamos 4 dias e entramos na "meseta".

O meu pneu de trás está completamente morto, não vou dizer a marca, mas cada vez tem mais bolhas parece que está com acne.

De vez em quando rebenta uma e o liquido lá tem de atuar. Mas a verdade é que mesmo assim conseguimos fazer os kms todos sem colocar câmara de ar.

Vamos ver se amanha encontro uma loja em Burgos com pneus 29''.

A etapa de hoje valem bem a pena quanto mais não seja pelos trilhos entre Villafranca de Montes de Oca e S. Juan de Ortega. Mais uma igreja espectacular.

Mais um par de palavras e claro que em Villafranca se ofereceram para trazer-me de carro até Burgos caso o pneu morresse para o BTT. MAs não foi preciso.

E amanhã temos mais.

CARRION DE LOS CONDES espera-nos.

Um abraço e Bom caminho

Nuno Machado
TEAM MOVEFREE
Eu pedalo

sábado, 16 de junho de 2012

Caminho 2012 - Logroño -Sto Domingo de la Calzada

Só nós podemos decidir o caminho

Hoje, e como o pequeno almoço era serviço apenas às 8h, decidimos sair um pouco mais tarde e só começamos a pedalar por volta da 9h.

O dia aparentava ser mais fácil que o de ontem, pelo menos ia ser de certeza mais curto.

Mas o pequeno almoço acabou por fazer das dele e o Pedro acabou por ter uma paragem de digestão. Uma mistura explosiva de alimentos com cansaço acumulado fez logo mossa após a subida que nos deixa com Logroño nas costas.

Ainda bem que só faltavam 40 kms para o final da viagem de hoje.

A etapa tem alguns sítios divertidos e muita zona rolante, mas quando sobe, sobe o suficiente para fazer mossa em quem não aguenta nada no estômago.

Tempo para falar com muita gente de muitas partes do mundo mas apenas com um objectivo, chegar a Santiago com a certeza que descobriu o que procurava.

O Pedro lá vinha, com uma força de vontade incomum  e sempre sem vontade de desistir.

Paragem em Najera para almoçar com calma. E após termos saído decidi encher o meu segundo bidon com água. Algo que não faria em condições normais uma vez que só faltavam 20 kms para o nosso destino. Mas mais uma vez alguém nos ajudou.

Após alguns kms o Pedro reparou que tinha deixado os bidons no café onde almoçamos. Valeu-nos o facto de eu ter os dois bidons cheios.

Quando digo que mais uma vez alguém nos ajudou foi porque no primeiro saímos do trilho por cerca de 100mts. Algo raro no caminho de Santiago, onde é quase impossível que alguém se perca. Quando voltamos para trás para voltar ao nosso caminho alguém nos perguntas e tínhamos perdido um NIKE. E na verdade tínhamos. Caso não nos enganássemos no final do dia alguém teria de comprar um par de Ténis. COINCIDÊNCIA!?

Mais uma subida mais um momento de espera e mais tempo para conversar com gente com muitas histórias. Após alguns minutos de conversa a conclusão do dia é que:

Só nós podemos decidir o caminho a seguir para sermos felizes o suficiente para aproveitar a vida.

Seguimos os Ultimos kms e chegamos ao topo que nos deixa ver o final - Sto Domingo de la Calzada.

Que pelo que dizem tem a unica igreja católica do mundo onde habitam animais vivos. Veja aqui porquê
http://www.caminhodesantiago.com/walter/lendas/galos.htm

Amanhã seguimos. Burgos espera por nós.

Um abraço e bom caminho
Nuno Machado